sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

No dia em que a pizza ganhou vida

O mês de fevereiro foi cheio de imprevistos que ocuparam bastante o meu tempo e fizeram com que eu não conseguisse postar com a frequência desejada aqui no blog. Contudo, creio que as coisas já estejam se normalizando e, finalmente, espero colocar a casa em ordem de uma vez por todas, algo que tento fazer desde o início do ano. Portanto, vamos ao que interessa!

Esse é para quem gosta de curiosidades e de coisas antigas. E quando eu digo antigo eu incluo o próprio desenho que eu fiz no início do ano passado e nem lembrava mais que existia.

"Sem título", esferográfica sobre sketchbook, 2013.

Em 2009, se não me engano, eu assisti um documentário na faculdade sobre a história dos vídeo games. E lá, assim como acontece com o processo criativo na arte, a ideia principal para a criação veio ao acaso.

Reza a lenda que um grupo de desenvolvedores de jogos da década de 80 queria criar um personagem cativante para um novo jogo. Depois de muito pensar e não encontrar nada que agradasse, foram para um restaurante para almoçar e pediram uma pizza. Quando ela chegou e alguém tirou o primeiro pedaço, veio a ideia que daria vida a um personagem que fez parte de toda uma geração e que, até hoje, é conhecido pelos amantes (ou não) dos games. O resto é história.

"Sem título" (detelhe).

Quanto ao desenho, lembro que estava na antiga escola que trabalhei e comecei a rabiscar um caderninho que ganhei de uma editora. Quando eu percebi já estava desenho com a caneta esferográfica um gordinho bem caricato, totalmente no estilo nerd dos anos 80. Daí para frente foi só colocar tudo que um personagem neste estilo poderia gostar (com exceção do ratinho; isso veio de brinde).

"Sem título" (detelhe).

Ps: não, eu não tive um Atari; mas sim, eu joguei - e muito - o clássico Pac Man.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Diário [gráfico] de viagem

Olhando uns cadernos antigos descobri que tenho alguns (muitos!) trabalhos que eu não mostrei ainda. Para falar a verdade, alguns deles eu nem lembrava mais que existiam!

Não se trata de desleixo, mas sim de opções. Sim, eu gosto de ter muitas opções para trabalhar e, por isso, tenho muitos sketchbooks, um para cada ocasião ou técnica a ser usada. Isso faz, realmente, com que de vez em quando eu esqueça de olhar alguns cadernos antigos que possam ter imagens interessantes que eu ainda não postei no blog. É o caso da imagem abaixo.

"Praia de Mucugê, Arraial d'Ajuda, Bahia", aquarela sobre sketchbook, 2013.

Essa pintura foi feita diretamente em aquarela sobre um caderno artesanal feito com papel Fabriano. E o melhor de tudo: este foi um trabalho de observação, ou seja, feito diretamente na praia de Mucugê, que fica em Arraial d'Ajuda, Bahia.

Comecei tomando uma cerveja e observando o mar enquanto eu esperava o protetor solar secar. O barulho das ondas quebrando foi minha maior inspiração - além, claro, da beleza do lugar, que é incrível! A tranquilidade era tanta que nem a dificuldade causada pelo vento forte que jogava areia da praia dentro do estojo de aquarela e sobre o caderno me incomodava.

Então fiquei por um tempo assim: pintando, observando, tomando banho de mar, observando, pintando, descansando, tomando sol, banho de mar... Enfim... Melhor impossível!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Do Futuro #3

Durante a produção desse trabalho, eu tive o cuidado de registrar o passo a passo de cada etapa de produção, até mais do que costumo fazer. Também por isso, eu dispunha de mais imagens do que eu imaginava para compartilhar aqui no blog.

Então, para não me estender demais, resolvi juntar a primeira parte do processo em uma única imagem, conforme mostrado abaixo.

"Do Futuro #3" (processo inicial de produção).

Nessa etapa se vê desde os primeiros traços até a finalização do crânio. Como sempre, vale ressaltar que um lápis de cor de qualidade faz toda a diferença.

Em seguida, iniciei a parte mais complicada, a da colorização do corpo.

"Do Futuro #3" (processo).

Como eu não estava com muitas cores no momento, achar o tom de pele que eu desejava foi o mais difícil. Mas abaixo já se percebe uma mudança na coloração em relação a imagem mostrada acima.

"Do Futuro #3" (processo).

Depois de encontrar um tom de pele mais próximo do que imaginava, segui com a mesma sobreposição de cores para as outras áreas do corpo.

"Do Futuro #3" (processo).

E para terminar a colorização da pele, parti para a área do rosto sem esquecer, claro, de dar os últimos retoques em todo o restante da imagem. Assim as cores não ficam estranhas nas diferentes regiões do corpo, mesmo naquelas em que há mudanças de luz e sombra.

"Do Futuro #3" (processo).

Por fim, colori a área do fundo da imagem. Este ponto, por mais que pareça simples, ainda me deu uma certa dor de cabeça, já que eu escolhi um tom de vermelho que parecia estar ótimo quando testei no cantinho do papel, mas que ficou tão estranho quando colocado na imagem que o que eu senti quando parei para observar a imagem foi aquela confusão visual causada quando se olha uma daquelas ilusões de ótica.

"Do Futuro #3", lápis de cor sobre Canson, 2014.

Claro que eu não cheguei a colorir todo o fundo com essa mesma cor, mas foi muito chato ter que apagar para colocar um outro vermelho que não conflitasse com a cor do papel e com a personagem desenhada.

Com isso, cheguei a seguinte conclusão: ao utilizar o lápis de cor, é bem mais fácil ter diversos tons de uma mesma cor do que tentar consegui-las pela mistura de outras cores. Isso, claro, não é impossível. Entretanto, não há como dizer que é "fácil" como quando se utiliza tinta.

Enfim, o processo se tornou mais demorado do que eu imaginava. Por isso mesmo, assim que terminei o trabalho acima eu comprei novos lápis com cores mais próximas do que as que eu precisei. Então, assim que eu terminar o quarto trabalho da série (que já comecei a fazer) eu digo se a experiência foi menos "dolorosa" e mais dinâmica.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

No jardim

Desenho de observação simples (e não muito demorado) feito no jardim da casa da minha irmã sobre um dos sketchbooks artesanais.

"Sem título", lápis de cor aquarelável sobre
sketchbook artesanal, 2014.

Neste caso, utilizei apenas lápis de cor aquarelável e fiz o que geralmente não costumo fazer: aquarelar o desenho.

Passar água com pincel sobre o papel, mesmo este sendo de qualidade, como foi o caso da página do sketchbook usado (papel Fabriano 300 g/m²), é algo, para mim, ainda muito "misterioso", muito diferente da aquarela em pastilha, por exemplo. Aparentemente as cores não se misturam bem - ou se misturam demais! - e o desenho parece perder o controle, deixando-me sem a precisão com a qual eu gosto de trabalhar.

Não sei se o resultado obtido ocorreu por conta do pincel que não era muito bom ou se o problema estava na mão que o segurava. O que sei é que esta é uma técnica que eu ainda quero dominar, mesmo eu tendo a certeza de que ela não é a minha preferida ou a que mais me entusiasma.

Há quem diga que vale mais saber um pouquinho de cada coisa do que apenas saber demais de uma coisa só. Se é assim, vamos aprender - e treinar para isso!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Pensamento da semana

"Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes:

a arte de viver."

Bertolt Brecht.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Em processo: a última xilo (parte 2)

"A long long time ago" eu fiz uma gravura e comecei a falar sobre ela na postagem "A última xilo". Como haviam muitas imagens a mostrar e eu gostaria de falar com calma do processo, dividi-o para não deixar a postagem grande demais. Mas o tempo passou e eu não mostrei o resultado final...

Mas agora que o blog voltou e está a todo o vapor, finalizarei o que comecei.

Transferido o desenho para a matriz, iniciei a fase da gravação. Essa, que geralmente é a fase mais demorada, teve de ser feita com a maior rapidez possível, pois eu tinha que entregar a gravura pronta no final do semestre e não havia mais tempo para enrolação.

É meio difícil de acreditar, mas eu posso jurar que comecei e terminei a gravura em um único dia! Prova disso é que eu juntei toda a sobra de madeira produzida durante o dia e fotografei ao lado da matriz gravada.


Mas como nem tudo são flores, posso jurar também que depois de terminada a gravura minha mão estava tão dolorida que eu não conseguia movimentá-la direito, e mesmo depois de colocar gelo, alongar os dedos e o pulso, ela ficava basicamente na mesma posição, como se eu ainda estivesse segurando a goiva.

Enfim, com mais detalhes logo abaixo, o resultado da prancha sem tinta, seguido dela depois de entintada.



E, claro, para finalizar, a gravura impressa como manda o figurino, em papel de arroz, pronta para ser emoldurada, se for o caso.

"Sem título", xilogravura, 2011.

Há pontos positivos e negativos em se fazer um trabalho com tanta pressa. É interessante pensar e executar o trabalho de modo que o resultado seja mais rápido do que geralmente acontece. Entretanto, dependendo do processo desenvolvido, pode-se sofrer determinadas consequências. No meu caso, uma mão dolorida por mais ou menos uns cinco dias! Mas se me perguntarem se me arrependo, a resposta é bem simples: com certeza não...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Por dentro e por fora

Esse foi um daqueles sketchs ocasionais que acontecem assim... ocasionalmente.

Não há muito o que dizer. Apenas que ela me desafiou e disse que eu não a desenharia como ela aparenta ser. Eu estava com o sketchbook na mão, sem um apoio adequado, e com preguiça de pegar a lapiseira para desenhar.


Resolvi, então, desenhar direto com a esferográfica. Afinal, mal não podia fazer, já que era só um esboço.


Depois de desenhadas as formas básicas, vi que a parte inferior do rosto estava ligeiramente desproporcional. Como tudo já estava à caneta e não havia a opção de apagar, resolvi dobrar a folha e aproveitar a parte de trás do papel para consertar o rosto.


Por fim, resolvi desenhar por cima da parte debaixo do rosto, esboçando a parte por debaixo da pele do rosto que estava embaixo. Complicado? Dá pra simplificar: taquei uma caveira para tudo ficar bacana!


Moral da história: há erros que não se podem apagar, mas sempre é possível fazer algo para melhorar. Bom, pelo menos no caso da caneta pode dar certo.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Um novo velho destino

"Destino", escultura em cera, 13x28x13 cm, 2009.

Eu já falei sobre essa escultura há um bom tempo na postagem "Destino". Nela, porém, eu mostrei apenas a escultura reproduzida em concreto, e não as fotos da escultura em cera que serviu de molde para aquela.

Escultura em cera e reprodução em concreto.

O processo de produção, como descrito anteriormente, foi bastante lento, exigindo muitas horas (dias, para ser mais exato) de trabalho. Mas não faria sentido neste momento falar tudo o que já foi dito, pois o objetivo é apenas mostrar as imagens não mostradas por uma impossibilidade técnica, algo que só pude sanar agora com uma câmera mais profissional.

Abaixo, compartilho algumas imagens da escultura em detalhes.

"Destino", escultura em cera sob diversos pontos de vista.

"Destino", escultura em cera (detalhe).

"Destino", escultura em cera (detalhe).

"Destino", escultura em cera (detalhe).

Para entender melhor e ver outras imagens da escultura em concreto, leia a postagem inteira nesse link.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Do Futuro #2

Mais um processo mostrando o segundo trabalho da série "Do Futuro".

Como mostrado no trabalho anterior, o papel continua colorido, pois a ideia e sempre dar esse contraste de cores muito vivas com um tema que geralmente remete às cores mais escuras e opacas.

Comecei desenhando com lápis 2H para não marcar muito o papel e, em seguida, passei para o lápis de cor.

"Do Futuro #2" (processo).

Neste caso, em que se utiliza um papel com uma cor muito vibrante, é preciso um lápis de cor que possua uma forte pigmentação e que se deposite facilmente no papel, sem "impermeabilizá-lo", ou seja, sem impedir que outras cores sejam sobrepostas. Caso contrário, o pigmento do lápis não se sobressairá sobre a cor do papel e não se enxergará o desenho muito bem.

Segui com a parte do corpo apenas depois de já ter terminado de colorir o crânio, tentando fazer uma coisa de cada vez tanto para concentrar o trabalho quanto para otimizar o processo de produção.

"Do Futuro #2" (processo).

Por fim, colori todo o cabelo, com as cores mais claras, com as mais escuras e com os reflexos da luz respectivamente, fechando com o fundo do trabalho em uma cor que se relacionasse a própria cor do papel que, em toda a série, ficará sempre visível em algum ponto de cada obra.

"Do Futuro #2", lápis de cor sobre Canson, 2013.

A proporção do crânio não foi exatamente seguida, ao contrário do próximo trabalho da série que mostrarei em breve. Mas isso foi algo proposital, já que o crânio de alguns animais terão de ser ampliados ou reduzidos para se encaixarem perfeitamente ao corpo humano.

Em breve postarei mais imagens, ideias e conceitos da série.