domingo, 31 de julho de 2011

Pensamento da semana

“Os criadores dos desenhos paleolíticos de animais eram, ao que tudo leva a crer, caçadores “profissionais” – pode-se presumir isso com certeza quase que absoluta a partir do seu conhecimento íntimo de animais – e é improvável que, como “artistas” (ou como quer que fossem chamados), estivessem isentos da obrigação de prover alimentos. [...] Se, como supomos, a representação de animais serviu de fato para fins de magia, então dificilmente se pode duvidar de que as pessoas capazes de produzir tais obras também fossem olhadas como dotadas de poderes mágicos e veneradas como tais – um status que acarretava certos privilégios e, pelo menos, uma parcial isenção das obrigações cotidianas. Diga-se de passagem que a técnica elaborada e refinada das pinturas paleolíticas também atesta que estas obras eram executadas não por diletantes, mas por especialistas treinados que consumiram parte considerável de sua vida aprendendo e praticando arte, e que já constituíam uma classe profissional. [...] O artista-mago, portanto, parece ter sido o primeiro representante da especialização e da divisão de trabalho. De qualquer modo, sobressai da massa indiferenciada, a par do feiticeiro propriamente dito e do curandeiro, como o primeiro “profissional”. Como possuidor de dotes especiais, é também o precursor da classe sacerdotal propriamente dita, a qual reivindicará ulteriormente ser detentora não só de aptidões e conhecimentos excepcionais, mas também de uma espécie de carisma que a isenta de todo o trabalho ordinário.”

Arnoud Hauser, em História social da arte e da literatura.

sábado, 30 de julho de 2011

Nu

Um dos grandes representante do Modernismo, Manuel Bandeira foi um gênio com as palavras.
Mesmo tendo uma história tão triste, o autor foi capaz de produzir sonhos e elevar o imaginário de tantos leitores transportando-os, por exemplo, para Pasárgada, terra onde tudo seria possível, um refúgio para se livrar dos sofrimentos que lhe assolavam o espírito em toda sua longa vida.

Para aproveitar bem o sábado, nada melhor que viajar nas palavras do poeta. Foi exatamente o que fiz.

Depois de ler várias vezes o poema abaixo nos últimos dias, resolvi ilustrá-lo.
Continuo acreditando que a imagem material não substitui a imagem mental que as palavras podem proporcionar. Mas, seja como for, é sempre bom encarar o desafio.

Utilizei grafite, nanquim, aquarela e tinta acrílica sobre uma página previamente manchada com spray em um dos sketchbooks artesanais - o mesmo das outras duas ilustrações de grandes poemas de dois autores brasileiros, Drummond e Castro Alves (postagem "Ilustrando a leitura" e "Dama Negra").

Abaixo, a ilustração e o magnífico poema:

"Nu", técnica mista sobre sketchbook, 2011.

Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -

Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma
Nua, nua, nua...

Manuel Bandeira, "Nu".

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Pra ficar de boa...

"Sem título", grafite sobre
sketchbook, 5,5x7,5 cm, 2011.

UnB → 110 → Rodô.
Rodô → 382 → home.

Sketch só no bus (ócio produtivo).
Pra ficar de boa sem ficar de bob's.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Céu amarelo


Mais perto da essência
O Sentido respira
Mas nem sempre o ar mais puro se tem
Mais perto da essência
O sentido respira
Consumido no perfume que vem




Eu vou lhe dar um prato de flores
E no seu ventre vou fazer o meu jardim
Que vai florir
Quando os espinhos lançarem as dores
Do cheiro forte do jardim que não tem fim
Que não tem fim




E o seu umbigo ainda em flor
Vai mexer com o tempo vai matar a dor denovo
E o seu umbigo ainda em flor
Vai mexer com o tempo vai matar a dor denovo




E os espinhos são pra quem pensa em enganar a flor
A beleza rédia prosa da dor
E os espinhos são pra quem pensa em enganar a flor
A beleza rédia prosa da dor




E o seu umbigo ainda em flor
Vai mexer com o tempo vai matar a dor denovo
Eu vou lhe dar um prato de flores
E no seu ventre vou fazer o meu jardim


Nação Zumbi, Prato de Flores.



É época de Ipê Amarelo, e a extravagância colore o verde pálido do cerrado.
Impossível ficar indiferente à tamanha beleza.
É bom para os olhos, é bom para mente, é bom para alma.
Aprecie sem moderação...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Auto [Re] Conhecimento

Em 2009 eu comecei a pensar sobre as questões que envolvem a poética do autorretrato. Quais motivos levaram – e levam – os artistas – ou não – a se retratarem, foi o ponto de partida para uma extensa pesquisa teórica e prática que iniciei quase que por acaso.

Imaginando como seria fazer uma série de autorretratos bem extensa, propus-me um desafio que foi quase uma insanidade: desenhar, durante um ano, um autorretrato por dia! Eu poderia ter feito um por mês, por quinzena, ou até por semana, mas preferi o caminho mais difícil...

Dei o nome de “Auto [RE] Conhecimento” ao projeto, e comecei o ano de 2010 com aquela empolgação. Mas logo ela foi abalada pelo cansaço e obrigação de parar, sentar e desenhar a mim mesmo todos os dias. Assim, ainda no início do projeto, vi que o ideal era desenhar um autorretrato para cada dia do ano, e não necessariamente um por dia.

Capa do caderno de autorretratos.

Foi uma experiência difícil, mas que valeu pelos frutos gerados. Além da obrigação do exercício quase diário do desenho, desenvolvi, a partir deste trabalho, o meu projeto de iniciação científica. Estudei por um ano sobre a importância da prática do autorretrato como forma de autoconhecimento para as pessoas que não são artistas. Estou concluindo o artigo agora, mas falarei dele mais adiante em outra postagem.

Esta foi também uma oportunidade de trabalhar com materiais que eu não tinha muito costume de utilizar, como caneta bic, pastel, lápis aquarelável, grafite aquarelável, carvão, sanguínea, sépia, etc. Até marca texto eu cheguei a usar, mesmo sabendo que depois de alguns anos será praticamente impossível de se enxergar algo na página.

Já mostrei aqui no blog alguns estudos no ano passado, como, por exemplo, nas postagens “Feliz Ano Novo!” e “Autorretrato”. E é engraçado olhá-los novamente no caderno, bem como olhar as outras páginas, porque alguns autorretratos não se parecem em nada comigo. O caráter naturalista nem sempre é o mais importante – na verdade, acho que é o de menos. Alguns detalhes, como certos traços – mais suaves ou mais agressivos –, anotações no canto de alguma página – ou na página inteira –, mostram muito do estado de espírito em que me encontrava quando desenhei. Algumas imagens, inclusive, estão totalmente desconstruídas, quase irreconhecíveis. Folheando agora a pouco, achei alguns trabalhos interessantes, como os mostrados a seguir:

"Autorretrato nº 117", grafite sobre sketchbook, 2011.

"Autorretrato nº 21", bic sobre sketchbook, 2011.

"Autorretrato nº 225", grafite sobre sketchbook, 2011.

"Autorretrato nº 85", lápis de cor aquarelável
sobre sketchbook, 2011.

"Autorretrato nº 23", grafite sobre sketchbook, 2011.

"Autorretrato nº 209", bic sobre sketchbook, 2011.

"Autorretrato nº 187", nanquim sobre sketchbook, 2011.

O curioso é que isto acaba virando um vício. Neste final de semana, por exemplo, aproveitando o momento de ócio enquanto trabalhava em um concurso, usei o meu menor caderno – o que me acompanha quase sempre no bolso – para ver se eu ainda conseguia me desenhar sem me olhar no espelho. O tamanho muito pequeno não ajudou muito para desenhar alguns detalhes, mas isto era o de menos...

"Autorretrato", grafite sobre
sketchbook, 2011.

O exercício do autorretrato é sempre interessante porque enquanto se desenha, mesmo sem querer, acaba-se pensando sobre a própria vida. E isso eu acredito ser o mais importante, pois o trabalho, independente de ser profissional o de ter alguma finalidade, acaba ganhando maior importância para quem o produz. Se o resultado não é visualmente semelhante a seu autor, isto não importa. Afinal, utilizando uma frase que li recentemente sobre o tema, "o que eu realmente sou, você não pode ver”.

domingo, 24 de julho de 2011

Pensamento da semana

"Nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas. Outrora, eram homens que apanhavam um punhado de terra colorida e com ela modelavam toscamente a forma de um bisão na parede de uma caverna; hoje, alguns compram tintas e desenham cartazes para tapumes; eles faziam e fazem muitas outras coisas. Não prejudica a ninguém dar o nome de arte a todas essas atividades, desde que se conserve em mente que tal palavra pode significar coisas muito diversas, em tempos e lugares diferentes, e que Arte com A maiúsculo não existe.  Na verdade, Arte com A maiúsculo passou a ser algo como um bicho-papão, como um fetiche."

Ernst Gombrich, em A história da arte.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Nova parceria

Ao contrário de muitos artistas que só trabalham sozinhos, acho muito produtivo o trabalho em equipe.

Os motivos para o isolamento podem ser os mais variados possíveis, e isso é totalmente compreensível, já que cada pessoa tem um ritmo de produção, um modo de organização, formas distintas de se concentrar, etc. Isso sem falar no que complementa a atividade artística - no meu caso, a música, que vária do eletrônico ao heavy metal a todo volume.

É claro que não seria possível desenvolver a minha série de pinturas com outro artista porque se trata de um trabalho muito pessoal, subjetivo e íntimo - como o próprio nome sugere. Mas é possível sim desenvolver uma parceria de sucesso. A prova disso foi a que comecei hoje.

Meu sobrinho Felipe de 4 anos está passando uma semana de férias na minha casa. Hoje, quando cheguei da universidade, ele me perguntou o que já havia me perguntado umas duas ou três vezes durante a semana: se eu sabia desenhar aquele mascote da propaganda das Casas Bahia. Não sei o porquê, mas ele adora aquele bonequinho (tanto que, andando no shopping esta semana, ele não perdeu a oportunidade de pegar o encarte da loja. E ai de quem jogar fora...). Será que alguém apresentou para ele o famoso clássico da música popular brasileira?
"Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia."

Como eu acho que ele ainda não sabe o que é crediário - e espero que não saiba tão cedo -, acredito que seja por outros motivos...
 
Eu disse que não sabia fazer porque tenho minhas dúvidas quanto a desenhar ao lado de crianças, pois tenho medo de passar a impressão errônea de que existe apenas um tipo de desenho "correto". Mas ele acabou me convencendo de um jeito curioso. Enquanto estávamos conversando, ele me perguntou:
- Tio, que cor é o chapéu do bonequinho das Casas Bahia?

Eu sem lembrar muito bem, mas visualizando que era um chapéu de cangaceiro, disse:
- Eu acho que é marrom.

Então ele complementou:
- É marrom com o desenho de uma palmeira verde.

Eu fiquei tão impressionado de nunca ter percebido isso que fui conferir no encarte. E, para a minha surpresa, era exatamente assim...

Percebendo como ele gosta de desenhar, sempre que posso faço o possível para que este gosto cresça cada dia mais. Decidi, então, fazer um acordo com ele: eu faria o desenho e ele ficaria encarregado de pintá-lo.

Primeiro fiz um esboço bem rápido a lápis apenas para demarcar o personagem. Isso com ele falando: "nossa, tá muito esquisito! Se fosse eu, não desenharia ele tão grande assim na folha...".


Em seguida, peguei uma caneta hidrocor, ou melhor, uma canetinha (não precisa ser tão técnico para lidar com criança, né?!) e contornei as linhas para que ficasse mais fácil para colorir. Aí sim consegui ganhar um pouquinho de crédito com o desenho. Ele disse: "ah, agora sim tá melhor...".


Por fim, o trabalho finalizado, colorido por ele. Antes, eu havia dito para ele observar as cores para pintar tudo igualzinho, mas ele respondeu de cara me deixando mais orgulhoso: "eu não, eu vou pintar de outras cores para ficar bem colorido!".

 

Eu gostei muito do resultado, e ele também. Disse que não vai deixar ninguém tocar no desenho, mas que irá pregar na porta do quarto para todo o mundo ver. Resta saber o que a mamãe acha desta estória.

O melhor foi que enquanto eu desenhava, ia falando para ele até ele responder comigo:
- Então, Felipe, para desenhar e pintar é preciso o que?
- Ter paciência.
- E o que mais?
- Olhar bem para as coisas.

Espero que isso dê certo um dia, que o desenho se torne para ele tão essencial quanto é para mim, independente dele querer ser artista...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amigo é amigo...

"Amizade", caneta colorida sobre sketchbook, 2011.

Muitos foram os pensadores, escritores, poetas, músicos ou filósofos que discorreram sobre o que é a amizade e/ou o que é ser amigo.


"A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas." (Carlos Drummond de Andrade)

"Não preciso de modelos, não preciso de heróis, eu tenho meus amigos." (Renato Russo)

"A amizade é um amor que nunca morre." (Mário Quintana)

"O amigo de todos não é amigo de ninguém." (Louis Bourdaloue)

"Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito..." (Milton Nascimento)

"A amizade é uma alma com dois corpos." (Aristóteles)

"Em coisas insignificantes é que um verdadeiro amigo se avalia." (Camilo Castelo Branco)


Enfim, há inúmeras citações que descrevem esta pessoa de todas as horas. Mas a que mais gosto é aquela que diz:

"Amigo não é aquele que separa uma briga, mas sim, aquele que já chega dando voadora..."

20 de julho, dia internacional do amigo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Geometrizando

Arquitetura é uma área que sempre me chamou a atenção.
Sua história, assim como a história da arte, pode ser observada no contexto das relações humanas e da evolução do ser. Logo, ela é o reflexo do pensamento, aspirações e desejos de uma época.

A Universidade de Brasília, construída em 1962, é fonte de um grande legado modernista. Além de ser possível encontrar esculturas, gravuras e pinturas de artistas famosos pelo campus, como Victor Brecheret, Tarsila do Amaral, Glênio Bianchetti e Cândido Portinari, a arquitetura geométrica também é um dos seus pontos fortes.

Mesmo sabendo que a funcionalidade dos prédios não é das melhores, não há como negar que alguns deles chamam muita atenção pelas formas excêntricas que os constituem. Pensando nisso, comecei a fotografar de alguns ângulos específicos e irei aos poucos postando aqui no blog.

Uma das construções mais recentes que se enquadra neste contexto geométrico é o Memorial Darcy Ribeiro, vulgo "Beijódromo".


Ele foi construído para acervar os arquivos do antropólogo que dá nome ao prédio e ao campus, além de ser um local de estudo.


As formas arredondadas e as cores dão uma estética diferente aos prédios antigos, os quais são seguem o padrão de linhas retas e perpendiculares.


Outro detalhe que o diferencia é a falta de concreto aparente, tão característica da arquitetura de Brasília, em especial, da Esplanada dos Ministérios.


Aproveitei a ocasião para conhecer o prédio por dentro, já que ainda não tinha entrado, e para tirar esta foto - a que mais gostei.


Quando olhei para centro no ponto mais alto do memorial, que me lembra um vórtice, tive a impressão de que aquilo ia começar a girar a qualquer momento... mas isto deve ser só loucura minha...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Natureza viva

"Sem título", grafite sobre sketchbook, 2011.

Nada melhor do que desenhar ao ar livre para começar bem minhas pseudo-férias.

Estive em uma chácara neste fim de semana, em um local que eu não sei onde fica, e acabei desenhando um rio que eu também não sei o nome (tá sabendo legal, né?!).

É verdade, não sabia de muita coisa além do fato de que é sempre bom curtir um momento bucólico para sair da rotina. Por isso, aproveitei que um dos meus sketchbooks estava comigo e sentei na beira deste rio e o desenhei sem pressa de terminar o que havia começado.

Quando estou em casa - ou mesmo na rua fazendo algum desenho de observação (ou não) - escuto música para me inspirar. E como geralmente eu ouço música eletrônica ou algum outro tipo de música mais agitada para dar um ritmo acelerado ao trabalho, muitas vezes me pego dançando, cantando e desenhando - ou melhor, as pessoas na rua é que me pegam assim. Quando percebo, já estou pagando aquele mico que me enche de vergonha... Mas eu sou forte, e resisto bravamente! Olho para frente - ou melhor, para o caderno -, finjo que nada aconteceu e continuo o trabalho.

Mas neste dia, como estava em um local mais afastado da cidade, sem aquela poluição sonora a todo instante, preferi não escutar nada além do som da própria natureza. O som dos pássaros cantando, das águas do rio passando, das folhas das árvores balançando com o vento... enfim, tudo o que não se escuta na cidade ditava o ritmo e servia de inspiração para cada traço.

Eu não sabia o nome do local e nem do rio, mas sabia - e deveria ter lembrado disto na hora - que sem protetor solar o pescoço fica bem queimado e sem repelente não é nada difícil de virar almoço de mosquitos e formigas - que, diga-se de passagem, eram muito grandes, quase do tamanho de aranhas (o que me deixava com um olho no padre e outro na missa). Acho que estou tendo alguma reação alérgica que nunca tive, pois estou com os pés muito inchados nos locais das picadas e com o corpo inteiro coçando...

Mas tá valendo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O bom filho a casa torna

Um mês depois de tomar um chá-de-sumiço sem aviso prévio, as atividades "bloguísticas" estão de volta!

Em certos momentos da vida, como todos sabemos, temos que fazer certas escolhas. Com a entrega do trabalho de conclusão de curso - no meu caso, uma parte prática e e outra teórica - com data marcada, estava impossível conciliar qualquer coisa que fosse além das minhas obrigações com a faculdade. Isto porque, além da diplomação, eu estava com mais duas matérias (sendo uma com trabalho de campo), além da pesquisa de iniciação científica. Ou seja, eu estava nas últimas!

Por isso, exatamente há 1 mês eu tive que deixar o blog, flickr, skineart, facebook, etc, etc, etc..., para focar na minha monografia e na conclusão da pintura. O resultado, depois de tanto esforço, foi muito gratificante. Em breve postarei as fotos da Exposição de Diplomação e das telas, um tríptico pintado a óleo na mesma temática das pinturas anteriores.

Mas quando parei de postar os trabalhos - quase - diários, abandonei um desenho pela metade que terminei agora a pouco. Uma paisagem da Universidade de Brasília que achei interessante. Mesmo sabendo que muita coisa poderia ser melhorada no campus, eu gosto da arquitetura misturada ao verde de tantas espécies de árvores diferentes.

Neste caso, o que me encantou também foi a estátua do John Lennon, perto da ala norte do Instituto Central de Ciências. É engraçado ter uma estátua que, aparentemente, não se enquadra no ambiente acadêmico. Mas mais engraçado ainda é saber que muitos alunos passam vários semestres - e alguns até saem da UnB - sem saber que o velho John estava por lá, em um ponto mais alto entre as árvores, vigiando todos nós...

Eu comecei fazendo o desenho em um dos sketchbooks  e fotografei o local apenas como registro.


Abaixo, o desenho feito apenas no local com caneta bic. A página de cima praticamente não riscava, pois é um papel laminado, tão liso e brilhante que eu fiquei me perguntando - várias vezes -  o porquê de eu ter colocado este papel na hora de fazer o caderno.


Em seguida, o desenho com as linhas reforçadas, feito agora há pouco.


E, finalizando, o desenho com pastel branco para realçar a estátua, permanecendo o verde do fundo inalterado, simbolizando o verde da universidade que ainda resiste e que sempre me traz paz nos dias de turbulência...

"Sem título". Caneta bic e pastel sobre sketchbook. 2011.

Abaixo da estátua há uma inscrição com os seguintes dizeres que justificam a sua "estranha" presença no campus:

"Ao inventar Brasília, Lúcio Costa se antecipou a "imagine" e quando pediu para a sua cidade a estátua de John Lennon falou:
"também sou um sonhador e quero ficar em boa companhia".
Brasília, 16 de agosto de 1995."