sábado, 31 de outubro de 2009

Destino

"Destino", escultura em concreto, 13x28x13 cm, 2009.

Não é de hoje que tenho um fascínio pelo bizarro, pelo grotesco e por tudo mais que as pessoas olham e falam: "ah, credo", ou "nossa, o que que é isso?"

"Destino" foi o melhor nome que consegui pensar para a escultura feita em cera e, posteriormente, moldada em cimento. Foi a minha primeira escultura e um dos maiores aprendizados.

"Destino", escultura em concreto (detalhe).

Comecei fazendo um projeto que, no meu caso, serviu mais de base, porque sempre sai um pouco diferente. As dificuldades começaram cedo, logo no início do processo, na hora de fazer o bloco de cera que seria talhado. Fiz um paralelepípedo e a cera derretida vazou pelas arestas, queimou meu dedo, quase não deu certo. Sorte que estava no ateliê de escultura com a macacada toda e cada um deu uma forcinha para que a coisa entrasse nos eixos.

Desenho esquemático do projeto.

Depois de pronto o bloco, comecei o trabalho mais prazeroso - e mais difícil - que era o de talhar, dando forma, dando vida a escultura. Foram muitas horas de dedicação em um trabalho de quase dois meses, com muitos calos e cortes nas mãos, até chegar no resultado desejado.

Depois de pronta em cera, foi a hora de tirar o molde, que também não foi nada fácil. Demorou um dia inteiro até conseguir a forma de alginato e gesso. Já era noite quando eu comecei na "pedreiragem", fazendo o cimento para o formato final da escultura.

"Destino", escultura em concreto (detalhe).

Foi sem dúvida um trabalho, acima de qualquer outra coisa, de paciência. E, nesse caso, de cooperação, já que tive, em vários momentos, a ajuda dos amigos que estiveram envolvidos em todo esse processo, em especial, Wesley de Souza, Lauro Gontijo e Marco "Bacon" Antônio.

"Destino", escultura em concreto (detalhe).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A morte e a vida de mãos dadas


Não sei quanto aos outros, mas para mim, a morte deveria ser encarada com mais naturalidade.

Ela é sem dúvida nenhuma a maior companheira da vida, seu maior antagonismo, sua maior rival. Como uma simbiose, não existe sem a outra. É o destino. Simples assim...

Acima, capa do meu caderno de anotações, usado, principalmente, para desenhar nas horas impróprias.

domingo, 4 de outubro de 2009

Drácula

"Drácula", grafite sobre papel Canson, 2004.

Depois de ler um dos maiores - se não o maior - clássico de terror da literatura universal de todos os tempos, Drácula, de Bram Stoker, fiz este desenho que, para mim, tem um valor especial. O fiz em 2004, quando nem pensava em me tornar artista.

O desenho foi feito em papel Canson tamanho A4 e fez parte do meu porta-fólio utilizado na prova específica para o vestibular da UnB. Já tem um bom tempo, mas, de qualquer forma, é sempre bom relembrar e não deixar esquecido o que faz parte da nossa história.

domingo, 20 de setembro de 2009

Buda

"Buda", gravura em linóleo (1/10), 2008.

Esse foi um trabalho feito em linóleo utilizando a técnica da xilogravura colorida.

Mesmo não sendo muito a minha praia, achei interessante fazê-lo. Mas além do trabalho árduo de gravar, há ainda o de entintar cada parte da matriz de uma cor diferente (correndo contra o tempo para que a tinta não secar), montá-la novamente, fazer a transferência para o papel e, depois de tudo, ter que limpar cada uma das peças separadamente para fazer uma nova impressão. Isto, definitivamente, não é muito animador.

Gravura é uma técnica muito expressiva e, sem dúvida nenhuma, belíssima! Mas para mim, as monocromáticas feitas em metal são muito mais atrativas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Senhoras e senhores, o circo chegou!


Em 1984 foi fundado em Quebec, Canadá, por Guy Laliberté e Daniel Gauthier, dois ex-artistas de rua, a maior companhia circense do planeta: o Cirque du Soleil. De lá para cá, a magia, o impossível e o inimaginável tem se personificado em cada espetáculo.


Desde criança, quando via reportagens sobre esse mundo fantástico no início dos anos 90 – vale lembrar que naquela época a internet ainda não era popular e o acesso às informações e ao entretenimento era bem mais difícil –, fiquei imaginando como seria presenciar tamanha perfeição. Nunca imaginei que tal sonho se tornaria realidade um dia... mas se tornou.


Em 2007, na sua segunda vinda ao Brasil e, por sorte minha, a primeira em Brasília, com o espetáculo Alegria, tive a imensa felicidade de realizar um sonho de muitos anos. É difícil descrever o que senti no momento da apresentação. A criança que outrora só vislumbrava o mundo da fantasia teve seu momento de glória e viu ali, diante dos próprios olhos, seu sonho se concretizar. Eu poderia continuar tentando, tentando e tentando, mas as palavras jamais representarão tais sentimentos.


Nesta sexta feira estréia, aqui em Brasília, o espetáculo Quidam. “Um transeunte sem nome, uma figura solitária numa esquina, uma pessoa passando apressadamente. Poderia ser qualquer um. Alguém chegando, partindo, vivendo na nossa sociedade anônima. Um elemento na multidão, um entre a maioria silenciosa. Aquele dentro de nós que grita, canta e sonha. É este o Quidam que o Cirque du Soleil celebra.” O que esperar? Não sei ao certo. O que sei é que, novamente neste momento mágico em que o picadeiro vira o centro do universo, nada mais importará. Darei lugar, novamente, aquela criança que nunca deixou de ver o mundo com beleza, magia e simplicidade. Ela, e não eu, viverá esse aguardado momento.


Sábado, 19 de setembro, 17h, setor 104, fila B, assento 17: eu estarei lá!




domingo, 13 de setembro de 2009

Estudando anatomia


Finalmente, depois de 3 semanas (por conta da falta de tempo) consegui terminar meu novo caderno de desenho - ou melhor, de estudos.

Neste caso, o fiz para a disciplina de Anatomia Artística. No entanto, espero ir além do que a matéria propõe. Já estou até com alguns projetos que visam, dentre outras coisas, aproveitar esses estudos para outra disciplina neste mesmo semestre.

A foto acima é da capa antes de terminado. Já as seguintes, as tirei agora a pouco para poder postar. Ficou bem diferente do que eu imaginei inicialmente. Mas, confesso que, em alguns aspectos, ficou melhor do que eu imaginei.

Feito em papel Canson 200g, tamanho A3 e com 80 páginas, espero que até o final do ano eu não termine com uma escoliose...




sábado, 29 de agosto de 2009

Colagem



Esse é antigo, da época da prova específica para o vestibular da UnB.

Como meu intúito era mostrar trabalhos diversificados, resolvi fazer essa colagem utilizando tecido jeans sobre papel.

Por mais que seja simples, para mim é dos trabalhos que mais gosto.

domingo, 16 de agosto de 2009

Imagem do dia


Desenho de modelo vivo com uma grávida, feito em 2007.
A grama e a borboleta foi apenas imaginação.

Eu não a conheço, mas seu nome é Raquel. E seu bebê deve ter 1 ano e meio, mais ou menos.

O que gosto neste desenho é que ele ficou muito delicado. Isso sem falar que me surpreendeu o tempo que a modelo ficou nesta mesma pose: uma hora!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O vôo da abelha


Esse final de semana foi o aniversário do primeiro aninho da minha sobrinha linda Rebeca. Vestida de abelhinha, ficou ainda mais "tchuco tchuco". Vê se pode...
Foi muita comida, docinho e diversão para as crianças (e para os adultos também, porque não?).

Mas sem dúvida, uma das melhores partes foi quando passaram o vídeo com imagens de todo o seu primeiro aninho de vida, que ficou muito divertido e engraçado.

Ele foi produzido e editado (muitíssimo bem, diga-se de passagem) pelo meu irmão Francisco Sales, que já trabalha com isso há um bom tempo, e ficou como lembrancinha da festa em um DVD que continha, além desse vídeo, fotos de todo esse um ano de vida. Quem se interessar por algum trabalho semelhante, ou por qualquer outro trabalho de filmagem, edição e arte grafica, entre em contato por email: fsalessolid@gmail.com

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sopro Divino - Escultura cinética



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Esse foi um trabalho desenvolvido para a disciplina Escultura 1, no segundo semestre de 2008.
Foi um tipo de exercício interessante, do qual eu gosto muito: começar sem saber aonde vai terminar. O melhor nesse tipo de trabalho é deixar as idéias fluírem. É como uma reação em cadeia. A partir de um insight, ou seja, de um momento em que algo se torna claro, mesmo sem motivo aparente, a primeira peça do dominó é derrubada. Logo cai a segunda, a terceira, a quarta, e assim sucessivamente.

Primeiramente, quis fazer uma relação com o corpo humano – para relacionar também com a outra escultura feita para a mesma disciplina. Para ajudar o meio ambiente (hum, só se for mesmo...) utilizei sucata de computador como base para todo o projeto. A partir daí, tudo que era cacareco passou a ser motivo escultórico. Virei catador de lixo, ou melhor, de matéria prima reaproveitável. A gente faz um bem pra natureza e mesmo assim vira motivo de piada perante os amigos. Tudo que eles viam na rua falavam para eu levar para casa. Mas é assim mesmo. Faz parte do trabalho sujo.


O meu quarteliê ficou uma zona só por quase 2 meses. Ninguém podia entrar, muito menos tocar em alguma coisa. Na falta de mesa, eu fui acumulando a matéria prima no chão. O bom é que não tinha aquela preocupação de sujar as peças, já que elas é que sujavam o ambiente.


É sempre importante lembrar que é bom se vacinar, tomar anti-tetânica antes de se começar a mexer com esses materiais. Só pra não perder a mão mesmo, nada demais...


O nome da escultura e, consequentemente, o insight da obra, veio quando arranjei um liquidificador velho que ainda funcionava. “Sopro Divino” era uma expressão usada na Idade Média para explicar uma parte do surgimento da criação humana. Segundo o que se acreditava, no momento do nascimento, Deus soprava nos pulmões do homem e, nesse instante, a vida surgia. Na verdade, naquele momento conturbado pelas novas idéias do Iluminismo, com o surgimento de especulações sobre o surgimento do homem e sobre o funcionamento do corpo, a crença religiosa obrigava as pessoas a acreditarem em explicações que hoje parecem absurdas, mas que na época, não faziam menos sentido do que uma explicação científica primitiva.

O intuito foi fazer essa mistura da tecnologia com uma idéia tão antiga. O motor do liquidificador, colocado no centro da escultura, representa o coração. E, sendo esta uma escultura cinética, há um botão nela que faz este “coração” funcionar. Ao se deparar com ele, o próprio espectador pode dar a vida, pode “soprar” para que tal tecnologia funcione. E não é esse mesmo o pensamento humano desde sempre, querer “brincar” de ser Deus, querer que as coisas funcionem apenas sobre o seu domínio? Há ainda outra crítica, que diz respeito a efemeridade que tudo passou a ter com o “bum” tecnológico: produtos que foram criados há menos de 10 anos hoje são considerados sucata, já são descartados. E o que fazer com esse lixo todo? E quanto ao ser, será que ele também não é descartado como essa tecnologia quando vai envelhecendo, quando é menos favorecido, quando é minoria em nossa sociedade “democrática”, “laica” e “igualitária”?

O resultado final pode ser observado nas imagens abaixo.





Há também esse pequeno vídeo mostrando ela em funcionamento.


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terça-feira, 28 de julho de 2009

Vermelho


Experimentação com tinta e grafite, (re)colorido digitalmente.

Imagem tirada de um diário gráfico, lá do fundo do baú...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Estudo


Esboço em grafite ainda sem título para algum futuro projeto (talvez pintura) a ser estudado.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Amanhecer


"- Gosto muito de pôr-do-sol. Vamos ver um?
- Mas é preciso esperar...
- Esperar o quê?
- Esperar que o sol se ponha.
[...]
- Eu sempre imagino estar em casa!"
Antoine de Saint-Exupéry - O Pequeno Príncipe

Muito se fala do por do sol e sua infinita beleza. De fato, ela é incontestável. Mas pouco - ou quase nada - se fala do amanhecer, este momento tão mágico que poucos param para observar.
Talvez seja por conta do horário ou da disponibilidade de cada um, já que na sociedade atual, "tempo é dinheiro"... No entanto, acordar cedo para observar esse momento que passa tão rápido, é maravilhoso. A cidade ainda está silenciosa, dormindo as escuras enquanto o sol vai aos poucos iluminando o dia.

Esta foto foi tirada de uma janela bem alta, onde tive a sorte de observar uma boa parte da cidade. Ao contrário da melancolia escondida por detrás das palavras do principezinho, este foi, para mim, um momento de extrema felicidade, tão único quanto nenhum outro, um momento que ficará para sempre guardado em minha vida.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Para pisar na Arte?



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Depois de passar toda a disciplina de Desenho 3 discutindo sobre as galerias de arte e suas implicações, resolvi basear meu trabalho final em uma idéia diferente. O que se vê hoje no cenário da Arte é uma supervalorização das obras, chegando a quase uma personificação, um endeusamento das mesmas, de forma até incompreensível para a maioria das pessoas. E esse estado de êxtase se dá, muitas vezes, não apenas pela obra de arte em si, mas também, pelo local em que ela está exposta: na galeria.
A galeria tem esse enorme poder de modificar nossas idéias. Tenho a impressão de que há mais uma apreciação dela do que daquilo que se encontra nela, como se aquelas paredes brancas, mágicas, sublimes, tivessem o poder de decidir o que é ou não Arte. E foi justamente a partir desse problema que eu fiz esse trabalho, criticando algumas dessas questões e tentando desmistificar o esse espaço “sagrado”.
A idéia era fazer minha própria galeria, um lugar sem lugar fixo, onde eu pudesse ter uma interação artista/público diferente dos padrões já conhecidos. Por isso fiz essa galeria andante nos meus próprios pés, com suas “paredes” brancas como as tradicionais, mas sem a idéia de comércio e de arte para a eternidade. Nela ninguém entra, apenas vê tudo de fora. É um espaço onde o que está exposto ocupa tudo e nada simultaneamente.
Tudo nesse trabalho é contraditório. É preciso pedir licença para “entrar” nessa galeria sem portas, já que para ver o que está “exposto” eu preciso primeiramente arrancar suas “paredes” desamarrando o cadarço. Para ver as “obras” é preciso ir tirando meia por meia. Isso sem falar no risco que o espectador corre por conta do odor que pode vir desse ambiente insalubre (não posso me responsabilizar por nenhum dano sofrido...).
A escolha desse tema é uma tentativa de tirar a Arte deste patamar em que nós a colocamos. Não se trata de negar a existência de obras magníficas que tantos pintores, escultores, gravadores e desenhistas nos deixaram – e deixam – até hoje. É apenas uma tentativa de mostrar que cada um desses trabalhos foram feitos por pessoas “normais” como cada um de nós. De fato, arte não é tudo o que se diz por aí. No entanto, considerar que ela é apenas o que se encontra nos grandes museus e galerias e cair no mesmo erro anterior.